Letícia
Quando Carolina chegou na porta da minha casa, eu quase não a reconheci. Ela estava com óculos escuros enormes, roupa de grife e aquele salto que parecia pisar nas pessoas só de encostar no chão. Não sorriu. Só ergueu o queixo e falou:
— Vamos começar sua metamorfose, Letícia. Entra no carro.
Obedeci.
Não sabia se tava indo vender minha alma ou comprar o meu lugar no topo, mas entrei. A Mercedes preta tinha cheiro de couro caro e perfume francês. O motorista nem olhou pra mim. Carolina cruzou as pernas, pegou o celular e não disse mais uma palavra até a gente chegar.
O salão era um prédio inteiro em Manhattan. Não um salão comum, mas um império de beleza. Tinha recepção com champanhe, espelhos dourados, aroma de lavanda no ar e atendentes que te tratavam como se você fosse uma estrela de Hollywood. Eu, vestida com minha calça jeans surrada e blusa de malha, me senti um erro naquele lugar.
Mas Carolina fez questão de levantar a voz logo na entrada:
— Essa aqui é a Letícia. Quer