Letícia
Eu não dormi direito naquela noite.
Mesmo com os lençóis limpos, a pele cheirando a lavanda e as sacolas caras espalhadas pelo quarto como lembrança do meu novo papel… alguma coisa dentro de mim ainda estava em guerra. Uma parte hesitava. A outra gritava. E no meio disso tudo, eu ensaiava sorrisos falsos diante do espelho.
Era assim que começa? Fingindo? Ou seria justamente ali que a farsa se tornava verdade?
Quando o interfone tocou às oito em ponto, eu já sabia quem era.
Carolina entrou como se fosse dona do meu apartamento. De blazer branco, cabelo preso num coque impecável e o celular colado na mão como uma extensão do corpo. Me olhou de cima a baixo e nem disfarçou o julgamento.
— Você ainda tá com essa cara de dúvida?
Suspirei, cruzando os braços.
— Eu não sou uma atriz.
— Não precisa ser. Precisa só parecer uma. — Ela largou a bolsa no sofá e tirou um papel da bolsa. — Aqui está tudo o que você precisa saber. O nome do restaurante, o horário, o que pedir, do que rir e,