Massimo
O restaurante estava cheio, mas nada me chamava atenção.
Mesas com políticos mascarando traições, executivos exibindo ternos como armaduras, esposas decorativas sorrindo para pratos que não comiam. Nova York sempre foi o mesmo teatro. Eu aprendi cedo a ignorar as cortinas e olhar direto para o jogo.
Pedi meu habitual — vinho italiano, carne no ponto certo, uma mesa discreta no canto do salão. Meu relógio marcava 20h03 quando ela entrou.
E por um instante... o tempo desacelerou.
Ela não parecia a mesma mulher.
Letícia.
Claro que eu a reconheci — eu reconheço tudo. O tom de pele, a postura ainda um pouco rígida, o leve atraso no passo quando anda de salto. Mas alguma coisa havia mudado. Não era só o cabelo impecável, nem o vestido vermelho que parecia desenhado no corpo dela. Era o olhar. Não havia mais insegurança ali.
Havia intenção.
Ela atravessou o salão com a leveza de quem não tinha pressa, mas sabia que todos estavam olhando. E sabiam mesmo. Eu vi os olhos masculinos acom