Letícia
Respirei fundo pela terceira vez enquanto olhava meu reflexo no espelho do banheiro do restaurante. Minhas mãos estavam suando, e o batom vermelho parecia ainda mais intenso sob as luzes douradas do teto. Carolina tinha sido clara: postura ereta, voz baixa, olhos firmes. Eu tinha repetido cada detalhe mil vezes na minha mente.
Mas agora… agora ele estava ali.
Massimo.
Eu o vi assim que entrei no salão do restaurante. Alto, cabelos grisalhos perfeitamente penteados, barba feita com precisão milimétrica. Vestia um terno azul-marinho sob medida e um relógio que valia mais do que o carro do Gustavo. Estava sentado na mesa ao centro, com o celular na mão e um copo de uísque ao lado.
Não me olhou quando passei.
Nem uma vez.
E aquilo doeu mais do que eu esperava.
Carolina tinha armado tudo. Um garçom nos colocaria próximos. Um acidente cuidadosamente planejado. A aproximação casual de duas almas destinadas a se encontrar — só que não.
Saí do banheiro com o coração batendo no pescoço.