Delancy estava ajoelhada no chão da sala de estar, esfregando com força uma mancha de café no carpete bege. A escova molhada raspava o tecido com um som áspero, repetitivo, que preenchia o silêncio da manhã.
O cheiro de produto de limpeza ardia em suas narinas. As mãos já estavam vermelhas, os joelhos doíam. Mas ela não parava.
Julie apareceu no batente da porta, hesitante. Tinha uma expressão estranha no rosto, como se não soubesse bem como dar a notícia. "Tem alguém lá fora... esperando por você."
Delancy ergueu os olhos, ainda segurando a escova. "Quem?"
Julie baixou a voz. "É seu pai."
Delancy congelou. Ficou alguns segundos parada, sem entender se tinha ouvido certo.
Então largou a escova, limpou as mãos com um pano velho e se levantou, ainda com as pernas trêmulas.
Ela foi andando devagar até a entrada lateral da mansão, por onde os funcionários entravam. O sol batia fraco, filtrado pelas nuvens cinzentas. E ele estava lá.
Michael.
Encostado em um dos pilares, com as mãos no