2 DIAS DEPOIS
Delancy amarrou o laço da sandália com dedos trêmulos. A blusinha branca de algodão e a saia azul-marinho que escolheu para a missa pareciam escolhas seguras e recatadas. Ela passou um pouco de gloss nos lábios rachados e prendeu os cabelos ainda úmidos em um coque frouxo.
O espelho embaçado mostrava o reflexo de alguém que ela mal reconhecia.
A bolsa já estava sobre o ombro quando o celular vibrou na mesinha, e ela quase não atendeu, afinal, quem ligaria para ela?
Mas atendeu.
"Oi..." disse a voz do outro lado.
Delancy congelou.
Peter.
O mundo ao redor dela parou. O som do ventilador de teto se tornou abafado. Seu estômago deu um nó. Ela afastou o telefone do ouvido por um segundo, como se precisasse confirmar que era mesmo aquele nome na tela.
Sim, era ele.
A última vez que haviam falado…
Ela terminou tudo com ele entre engolindo soluços malditos, no medo, no desespero, na possibilidade de uma gravidez não planejada e de uma vida completamente despedaçada. E ele acei