Um dia... talvez ele me perdoe e volte a me olhar com amor.
Sophia
O resto do caminho seguiu em silêncio.
Um silêncio diferente — não hostil, mas cheio de lembranças, de coisas que não precisavam mais ser ditas.
Zahir parecia calmo, embora o maxilar ainda estivesse contraído, denunciando o esforço que fazia para se manter sereno.
Lá fora, o céu cinzento começava a desabar em uma chuva fina, e as gotas batiam contra o vidro do carro como um murmúrio suave.
Quando chegamos, ele estacionou diante do prédio e desligou o motor.
Por alguns segundos, não nos movemos.
Apenas o som da respiração de Vitor, adormecido no meu colo, preenchia o espaço.
— Estamos em casa — ele disse, por fim, em voz baixa.
Eu assenti, mas continuei ali, imóvel, olhando pela janela. Não sabia o que havia mudado entre nós — só sabia que algo tinha.
Zahir deu a volta no carro e abriu a porta para mim.
O gesto simples, cortês, me tocou mais do que eu gostaria de admitir.
Entramos no apartamento, e o silêncio nos acompanhou até o quarto de Vitor.
Zahir tirou os sapatinhos do fil