Ainda cora quando eu te olho.
A luz da manhã filtrava-se pelas frestas das cortinas, espalhando um brilho dourado sobre o quarto.
O silêncio era tão suave que dava para ouvir o tic-tac do relógio misturado à respiração calma de Zahir, deitado ao meu lado.
Por um instante, fiquei apenas olhando — o corpo dele relaxado, o peito subindo e descendo devagar, o sol desenhando traços de luz sobre a pele morena.
O lençol cobria-lhe a cintura, deixando entrever a linha firme do abdômen, o contorno forte dos ombros, e o perfil perfeito de um homem feito para dominar qualquer ambiente, até mesmo o meu coração.
O simples fato de tê-lo ali — tão próximo, tão inalcançável — fez meu peito apertar. Tive vontade de tocá-lo, de deslizar os dedos por aquela pele que ainda conhecia o caminho do meu desejo, mas me contive.
Observei-o em silêncio, temendo que qualquer movimento quebrasse aquele instante raro, frágil, quase sagrado.
Zahir se mexeu.
Abriu os olhos devagar e me olhou.
Aquele olhar... negro, profundo, cheio de histórias qu