Virei a cabeça para ele, e nossos olhos se encontraram. Os negros dele pareciam em chamas, e havia algo em seu olhar que me desarmava completamente — como se ele conhecesse a música que tocava, como se cada verso falasse ao seu coração... ou ao meu.
Pude ver ali, nas profundezas daqueles olhos, uma confissão muda, uma declaração de amor contida e, ao mesmo tempo, imensa.
Ele estendeu a mão, pegando a minha, e nem por um instante desviou o olhar.
Fiquei perdida — submersa naquele oceano escuro e misterioso, incapaz de desviar os olhos dos dele.
Era como se, por um breve instante, o mundo ao redor tivesse desaparecido, e só existisse aquele elo silencioso entre nós dois.
Naquela pequena bolha em que nos encontrávamos, senti uma felicidade tão pura, tão inesperada, que quase me fez chorar.
Quando a canção terminou, as luzes se acenderam e o som das palmas quebrou o encanto.
O momento — tão nosso — se dissolveu como fumaça. Zahir desviou os olhos dos meus e voltou sua atenção para o palco