Há pouco tempo, a casa do meu irmão voltou a ter som.
Risos de criança, passos correndo pelos corredores, o eco suave da voz de Sophia chamando os gêmeos — tudo aquilo que antes parecia impossível para ele... e para mim.
Vejo Zahir e sinto um misto de orgulho e nostalgia. Ele encontrou a paz que eu acreditei não existir para homens como nós.
Homens feitos de desertos, criados entre códigos e silêncios.
Homens que aprenderam cedo a conter o coração para não parecerem fracos.
Sophia o salvou — disso não tenho dúvida.
Ela atravessou a muralha que nenhum de nós ousou escalar. E, quando olho para ela, percebo que é a mulher que minha mãe sempre quis que Zahir encontrasse: doce, mas firme; ferida, mas inteira.
Eu deveria estar feliz.
E estou.
Mas há algo em mim que não sabe descansar.
Fico observando os gêmeos brincando na varanda, a areia grudando nos pés, e me pergunto se algum dia terei algo assim. Uma casa que respira. Uma alma que me olhe sem medo.
Porque há noites em que, mesmo cercad