Emmy Zack
Havia algo desconcertante nos olhares que me atravessavam. Eles não apenas me observavam — me despiam. Como se quisessem arrancar meus segredos com os olhos. Tentei manter um sorriso sereno nos lábios, mas ele tremia.
Os músicos estavam posicionados discretamente num canto do salão, tão silenciosos até então que me espantei por não tê-los notado. O ar vibrava levemente, como se o espaço entre as paredes aguardasse algo sagrado.
— Animem-se — exclamou Triodh’ch, com sua voz rouca e carregada de autoridade — já faz mais de uma década desde que a deusa superior pisou entre nós.
Ela ergueu a taça, o líquido cor de sangue refletindo na iluminação de sua aura.
Um silêncio pesado caiu sobre o salão. Sentia-me ainda mais pequena, engolida pela imponência daquele momento.
Eu não conhecia todas as histórias do continente — não ainda. Ainda não havia chegado nessa parte dos livros que Alec me dera. Estava perdida entre mitos e símbolos, caminhando às cegas entre rituais que