Mundo de ficçãoIniciar sessãoEmilly
As semanas seguintes passaram depressa, e eu me via cada vez mais próxima das minhas novas amigas. Constantemente eu passava o dia na casa da Scarlett e em dias que eu estava trabalhando, como hoje, elas ficavam no ateliê me fazendo companhia. — Uau, esse vestido ficou lindo, Senhora St Clair — Connie elogiou enquanto minha mãe ajustava uma nova peça em um manequim. — Obrigada Connie querida, eu fico feliz que Emilly tenha conseguido boas companhias. Ela é sempre tão solitária — minha mãe nos observou com indulgência. — Se você achou esse vestido bonito, olhe o que eu encomendei para a festa do meu irmão. Margareth saiu da área do provador onde a assistente de minha mãe a tinha ajudado a colocar um vestido verde Oliva com decote coração e mangas curtas que contornava seu corpo com perfeição até um pouco abaixo dos joelhos. — Ahh meu Deus Maggie. — Eu encomendei outro de seda, mas esse será para Los Angeles — ela piscou para nós, me fazendo rir. — Ahh querida, com aquele vestido ou você consegue um anel para o seu dedo, ou você consegue um papel em Hollywood — minha mãe gracejou, fazendo Maggie sorrir sem graça. Scarlett estava sentada ao meu lado diante de um grande espelho, experimentando alguns chapéus que minha mãe mantinha em exposição, de tempos em tempos ela colocava algum sobre minha cabeça. — Amy, Essa cor ficou perfeita em você — Connie exclamou ao ver um chapéu azul escuro que Scarlett colocou em minha cabeça. — Senhora St Clair, Amy é parecida com o pai dela? Ela não parece muito com você — Scarlett perguntou. Aquela pergunta surpreendeu minha mãe, ela franziu o cenho por um segundo antes de voltar sua atenção para o manequim a sua frente, prendendo alguns pedaços de tecido com alfinetes. — Parecida com o pai? Não… na verdade, Emilly se parece muito com a minha mãe. Se eu tivesse uma fotografia vocês veriam — ela murmurou sem nos olhar. — Você ficou viúva bem jovem, como aconteceu, Vivienne? — Maggie perguntou enquanto observava todos os detalhes de seu novo vestido no espelho. — Eu me casei com John já sabendo que a tuberculose o levaria mais cedo ou mais tarde, infelizmente o levou cedo demais — minha mãe forçou um sorriso. Eu notei o rosto de Margareth ser tomado por uma expressão confusa, mas ela logo disfarçou, mudando de assunto em seguida. — Eu vou pedir que alguém acerte todas as contas desses vestidos com você no dia da festa, Vivienne. Você não precisa se preocupar — ela sorriu. — Eu mesma vou pedir para entregarem na mansão Hayes, querida. Você certamente será a atração da festa — minha mãe sorriu antes de nos deixar a sós. — Amy, eu estava pensando… você gostaria de ir comigo à festa? Eu já falei com minha mãe e ela disse que seria um prazer se você comparecesse — Scarlett sugeriu. Seu convite me pegou de surpresa, mas eu não teria motivos para negar. O evento seria apenas no fim de semana e minha mãe teria tempo de ajustar algum vestido novo para mim. Foi com esse pensamento que aceitei sua proposta. Imaginando um vestido da cor que Connie tanto tinha elogiado em minha pele. Os dias passaram depressa, o humor de minha mãe estava bom nas últimas semanas e nós não tivemos mais nenhuma discussão, o que era ótimo para mim, que constantemente me via presa em suas crises. O dia chegou, e tudo corria bem, pelo menos até a assistente de minha mãe chegar com uma notícia inesperada. Nós já estávamos deixando o Ateliê para ir para casa quando Olive nos seguiu até o carro, parecendo extasiada. — Vivienne, você não vai acreditar em quem acabou de nos ligar! — Olive, querida. Você sabe que eu não tenho tempo para joguinhos. Diga de uma vez! — minha mãe se virou para a mulher. Eu não tinha nenhum interesse particular naquela conversa, então me limitei a entrar no carro. — O assistente do Francis Kinahan — sua animação parecia não caber em si. Notei o rosto de minha mãe perder a cor enquanto ela encarava Olive com uma expressão embasbacada. — Kinahan? Como Violet Kinahan? — eu busquei confirmação. — Francis Kinahan é irmão da Violet e o dono dos estúdios HarpLine Productions! Eu sei tudo sobre a família Kinahan! — ela declarou com orgulho — O que esse homem quer? — minha mãe balbuciou. — Ele apenas queria confirmar o endereço do Ateliê, mas ele poderia querer fazer alguns vestidos para filmes, você já imaginou? — a mulher era o contraste gritante com minha mãe, que estava extremamente pálida. Vivienne se apoiou na lataria do carro, parecendo à beira de uma verdadeira síncope. Ao notar seu estado, eu abri a porta, pronta para sair e ajudá-la. — Emilly , entre no carro! — ela murmurou antes de se virar para a mulher — você passou o endereço? — Sim, eu… — Olive parecia confusa com toda a situação e eu não podia julgá-la, também me sentia assim. — Mãe, qual o problema? — Entra logo na porcaria do carro, Emilly ! Eu vou te levar para casa — ela praticamente gritou, assumindo o assento do motorista e batendo a porta atrás de si com força antes de se virar para Olive — se esse homem aparecer, descubra o que ele quer, eu volto logo. Eu fechei a porta com cuidado ao me acomodar novamente no carro, a encarando horrorizada quando ela arrancou com o veículo, parecendo morta de medo. — Você volta logo? Pensei que iria me ajudar a me arrumar — eu a sondei. — Você não vai sair — ela devolveu, respirando fundo para se acalmar. — Como não? Hoje é a festa dos Hayes, eu já confirmei minha presença, estava tudo certo…. — VOCÊ PODE PARAR DE AGIR COMO A PORCARIA DE UMA PIRRALHA MIMADA PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA E ME OBEDECER SEM QUESTIONAR? — ela gritou me assustando. Eu pensei em mil maneiras de responder aquele ataque gratuito e iniciar uma verdadeira briga, mas eu me sentia exausta. Eu não queria mais discutir com ela, queria apenas encontrar uma maneira de viver minha vida em paz. Nós duas permanecemos em um silêncio ensurdecedor pelo restante do caminho até que ela estacionou na porta de casa. — Emilly querida, eu sei que as coisas fugiram do nosso controle, mas se você puder não ser egoísta e pensar um pouco em mais alguém, e entender o meu lado, você verá que eu não estou pedindo nada impossível, apenas fique em casa. Eu volto logo, ok? — ela suspirou, se virando para mim. Eu não me importei em responder, apenas sai do carro, batendo a porta com força, marchando em direção a entrada da casa. Minha mãe não se importou em checar se eu entraria ou não. Ela não tinha dúvidas que eu a obedeceria, como sempre fiz, mas eu já estava farta daquela situação. Eu queria ir aquela festa, principalmente porque em duas semanas Scarlett e Connie voltariam para LA. Sem pensar duas vezes, fui até o telefone na sala, me sentando na poltrona, discando o número que já tinha decorado. Aguardei alguns minutos enquanto a governanta dos Hayes chamava Scarlett, e logo sua voz soou do outro lado. — Amy, está tudo bem? — Sim, mas se não for atrapalhar, você poderia me dar uma carona?






