3.desentendimentos a mesa

Emilly

Já passava das dez da noite quando eu entrei em casa, sorrindo ao me lembrar de todos os detalhes da noite. Eu não esperava me divertir tanto, mas a cada minuto que passava ao lado de Scarlett, Connie, Maggie e até mesmo Brad, me mostrou o quanto eles eram incríveis.

— Por Deus, Emilly, querida. Você demorou! — minha mãe veio da cozinha com uma expressão preocupada.

Eu franzi o cenho diante de sua reclamação. Não era incomum eu retornar tarde quando ia no parque com minhas amigas no fim de semana, e de qualquer forma, ela mesmo me pediu para estar em casa até às onze da noite.

— Sinto muito, eu perdi a noção do tempo.

— Você perdeu a noção? Ahh querida, você tem sorte que eu tenho muita paciência com você, porque só assim para aguentar essa sua cabeça avoada — ela sorriu ao se aproximar.

— Me desculpa, eu deveria ter voltado antes.

— Tudo bem, vamos tomar um chá. Me conte como foi sua noite. Eu quero saber todos os detalhes.

Nós passamos a hora seguinte conversando enquanto eu contava para minha mãe todos os detalhes de minha noite, se interessando particularmente por Maggie, principalmente ao saber das suspeitas de Scarlett sobre seu Sugar Daddy.

— Você quer dizer que ela gosta de gastar dinheiro? Você precisa convencê-la a encomendar alguns vestidos!

— Scarlett já fez isso. Ela disse que ainda essa semana irá ao ateliê — eu a tranquilizei.

— Perfeito, você apenas me deixaria mais feliz se me contasse que conquistou o coração do jovem Hayes — ela brincou, se levantando, pegando as duas xícaras de chá para levá-las à pia.

— Mãe, ele é praticamente uma criança. Eu não vou tentar me envolver com ele, isso deve ser crime! — eu devolvi ultrajada.

— E eu já te falei que você está ficando sem opções, Emilly! Ou você conquista o garoto, ou encara o senhor Parker. O que você prefere? — ela ergueu a voz, parecendo irritada com minha recusa.

Maverick Parker era um homem de quase setenta anos que tinha ficado viúvo há alguns meses e não escondia o fato de estar procurando uma jovem bela, virgem e de boa família para se tornar sua nova esposa. E o fato da minha mãe sequer cogitar aquela hipótese me arrepiou.

— Eu conheci um rapaz hoje! Amigo da Scarlett e da Connie — eu me apressei em dizer, na tentativa de fazê-la esquecer aquela história.

A expressão no rosto dela mudou, uma pequena faísca de esperança surgiu em seus olhos enquanto me encarava.

— Um amigo? E ele tem dinheiro?

— O pai dele trabalha na empresa do sr Hayes e…

— Emilly, pelo amor de Deus. Eu te digo para arrumar um bom partido e você dá atenção para o filho de um assalariado? — ela elevou a voz, parecendo revoltada.

— Ele é um bom rapaz e vai para a universidade no fim do verão — eu tentei defendê-lo, apesar de não estar realmente interessada em Brayden.

— Como se isso significasse alguma coisa — Vivienne murmurou, saindo da cozinha, me deixando para trás.

Esperei alguns segundos até ouvir seus pés batendo com força nos degraus da escada, mostrando o quanto tinha se irritado com aquela situação. Mas ela não deveria se sentir assim. Eu ainda tinha tempo para conseguir aposentá-la de alguma forma, eu compreendo que ela deve estar cansada por todos esses anos e merece descansar, mas não precisa ser assim!

Com esse pensamento eu me levantei, correndo para alcançá-la.

— Mãe, eu deveria ir para a universidade! Eu conheceria muitos outros pretendentes lá — tentei jogar com ela.

— E você acha que alguém olharia para você em uma universidade, Emilly? Homens não estão atrás de mulheres inteligentes, eles estão atrás de mulheres bonitas! Você deveria se esforçar mais! — ela gritou do topo da escada.

— Me esforçar? Hoje mesmo me falaram que eu sou uma versão mais jovem da Violet Kinahan, e…

O rosto de minha mãe foi tomado por espanto, mas ela logo se recuperou, disfarçando da melhor maneira que pode.

— Você? Ótimo, você mal conhece essas garotas e já virou chacota. Está na cara que estão zombando de você!

— Mas…

— A única coisa que vocês duas têm em comum são esses olhos estranhos, e pelo amor de Deus, não pense que alguém achará isso atraente. É um milagre que não te chamem de aberração nas ruas! Esse traço só é tolerado nela por conta do dinheiro que ela tem.

— Eu não sou uma aberração! — eu balbuciei.

— Muito obrigada, Emilly. Você estragou uma noite perfeitamente tranquila — minha mãe gritou antes de se trancar em seu quarto, batendo a porta com força.

Permaneci congelada no corredor por alguns segundos antes de ir até meu quarto, fechando a porta com cuidado para não fazer barulho. Acordei mais tarde que o habitual no dia seguinte, e após me arrumar, desci, encontrando minha mãe na cozinha.

— Emilly, querida, pensei que não fosse mais acordar. Aqui, eu fiz panquecas para o café da manhã, você deve estar faminta — ela sorriu, como se nada tivesse acontecido.

Caminhei de maneira hesitante até a mesa, me acomodando lá, não desviando o olhar da mulher.

— Obrigada.

— Quer suco de laranja? — ela me ofereceu um copo.

Eu o aceitei, comendo em silêncio sob olhar atento da mulher que parecia esperar por algo de mim.

— Quando você estiver pronta para me pedir desculpas por ontem nós podemos colocar uma pedra sobre o assunto — minha mãe desistiu de esperar

— Desculpa? — eu a encarei atordoada.

— Está vendo? As coisas são bem mais simples quando você reconhece o seu erro, querida — Vivienne parecia satisfeita.

— Meu…

Por um segundo eu pensei em discutir, mas desisti em seguida, sabendo que aquilo seria tolice. Em toda minha vida minha mãe nunca admitiu que errou, ela nunca me pediu desculpas. Na verdade, ela sempre encontrava uma maneira de me culpar por qualquer coisa que desse errado.

— Com licença — me levantei com um suspiro.

Eu não iria passar o dia inteiro aguentando provocações vazias como aquelas, Seria melhor aceitar o convite de Scarlett e passar o dia em sua casa.

E foi o que fiz, peguei minha bicicleta e alguns minutos depois estava tocando a campainha da grande casa, sendo atendida pela governanta.

Ela me guiou até o jardim dos fundos, onde Scarlett e Connie tomavam café da manhã em uma mesa à beira da piscina, sorrindo assim que me viram.

— Amy, que bom que você veio! — Connie sorriu.

— Sente-se Amy. Hilda, ela tomará café conosco — Scarlett instruiu a governanta.

— Obrigada.

Nós passamos os minutos seguintes rindo e jogando conversa fora até que Margareth se juntou a nós, pronta para passar o dia na piscina.

— Amy, bom dia!

— Eu te falei que ela viria — Connie sorriu.

— Isso é ótimo, porque eu tenho muito a te perguntar — ela sorriu.

Desde que me conheceu, ela demonstrou muita curiosidade sobre tudo o que dizia respeito a mim, mas eu não me importava, eu estava até mesmo gostando de ter toda aquela atenção para mim. A única coisa que me importava era ter um dia de paz .

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App