2. Tropeçando em boas companhias

Emilly

As luzes vibrantes e os sons de risadas me cercavam enquanto eu cruzava o parque em busca de Scarlett. Ela e sua amiga Connie tinham ido ao atelier no dia anterior, e incentivada por minha mãe, eu decidi convidá-las para conhecer o parque intinerante que sempre passava o verão em Palm Springs, já que as duas comentaram que não sabiam o que poderiam fazer na cidade.

Parte de mim não sabia o que esperar da companhia delas, mas eu não podia negar que estava ansiosa por ter a amizade de alguém diferente das garotas da cidade.

— Olá você — uma voz masculina chamou a minha atenção, fazendo com que eu olhasse em sua direção.

Eu não conhecia o rapaz de cabelos dourados e olhos castanhos que se desencostou de uma barraca, sorrindo para mim.

Eu não respondi, franzindo o cenho enquanto continuava o meu caminho sem compreender ao certo quem era ele.

— Hey, espera! — ele me chamou, apressando os passos para me alcançar.

— Desculpa, eu te conheço? — eu me virei para ele, interrompendo meus passos.

— Infelizmente não, mas esse é um erro que estou disposto a corrigir imediatamente — ele estendeu a mão para mim — Brayden Heather.

Por instinto eu estendi minha mão, apertando a dele, desejando me livrar logo do rapaz.

— Foi um prazer conhecê-lo, Brayden Heather— ofereci um sorriso educado, mas não muito encorajador.

— E você…

— Eu tenho que ir — eu completei, evitando dizer meu nome para aquele desconhecido.

Imediatamente eu dei as costas, tentando me afastar, mas o rapaz segurou minha mão, impedindo que eu me desvencilhasse dele, me puxando de volta em sua direção.

Eu dei meia volta, arregalando os olhos ao me ver novamente a poucos centímetros dele enquanto o seu olhar estava carregado de diversão.

— Você enlouqueceu?

— Ahh meu Deus, olha os seus olhos! — um sorriso abobado surgiu em seu rosto.

Aquela não era a primeira vez que falavam sobre os meus olhos. Eu sabia o quanto eram diferentes e sempre me sentia constrangida quando acontecia.

— Me solta! — Eu puxei minha mão com força, me livrando dele.

Brayden ergueu ambas as mãos em um sinal de rendição, mas parecia longe de desistir de seu objetivo.

— Eu só quero saber o seu nome, e não posso perder a chance de dizer que você tem os olhos mais lindos que eu já vi!

Eu voltei a caminhar, mas Brayden não teve dificuldade em me acompanhar.

— Por que você está me seguindo?

— Porque você é a garota mais bonita que eu já vi na vida, e eu moro em LA — ele devolveu com simplicidade.

Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios diante do elogio, eu parei de caminhar mais uma vez, me virando para rapaz.

— E porque sua cidade é importante?

— Pelo simples fato de ser o lar das mulheres mais bonitas desse país, mas elas não chegam aos seus pés — seu sorriso se tornou convencido, acreditando ter alcançado seu objetivo comigo.

— Boa tentativa Brayden Heather. Mas eu preciso ir — eu soltei uma risada, voltando a caminhar, dessa vez não sendo seguida.

Não demorei para localizar Scarlett e sua amiga comprando algodão doce em uma barraca, parecendo se divertir com toda a agitação a nossa volta.

— Amy, aí está você. Pensamos que tivesse desistido de vir — Scarlett acenou.

— Eu não desisti, eu fui perseguida por um esquisito de Los Angeles que não me deixava em paz — eu dei de ombros.

As duas trocaram um olhar suspeito soltando um suspiro resignado logo antes de uma voz conhecida soar atrás de mim.

— Assim você mágoa os meus sentimentos, Amy — Brayden gracejou — Olha, eu consegui uma maçã do amor para você!

Ótimo, agora ele sabe o meu nome!

— Eu estava torcendo para não ser o nosso esquisito, mas parece que não tivemos sorte — Connie, a amiga de Scarlett suspirou.

— Vocês o conhecem? — eu me foquei nas duas, ignorando o rapaz.

— Moramos na mesma vizinhança em LA — Connie explicou.

— Você ainda não pegou a maçã do amor — ele a estendeu para mim.

— Brayden, eu não quero uma maçã do amor — fui enfática.

— É claro que não, garotas gostam de algodão doce! — ele murmurou, se encaminhando para a barraca que estava próxima de onde estávamos.

— Eu não…

— Brad, sabe o que você deveria dar para ela? Um daqueles ursos grandes que dão como prêmio no tiro ao alvo — Scarlett sugeriu.

O rosto do rapaz se iluminou, ele se inclinou, beijando o rosto da garota antes de se afastar, mordendo a maçã do amor satisfeito.

— Obrigado Scalie, você sempre tem as melhores ideias.

Nós observamos o rapaz se afastar antes que eu me virasse para as garotas.

— Eu não quero nenhum urso!

— Ele é péssimo de mira, vai demorar uma eternidade para ganhar alguma coisa — Connie devolveu.

— O melhor que você tem a fazer é aceitar os presentes e esperar passar. Logo ele perde o interesse, todas nós já passamos por isso — Scarlett me aconselhou — Nós estamos esperando a minha tia, ela ficou de nos encontrar aqui.

— Sua tia? — não que eu a conhecesse há muito tempo, mas ela não tinha citado tia alguma no dia anterior e aquilo me confundiu.

— Maggie é apenas dez anos mais velha que nós, então meus pais se sentem mais confortáveis em nós deixar sair a noite quando ela está conosco — Scarlett explicou.

Nós teremos alguém para nos supervisionar? Não que pretendessemos fazer qualquer coisa indevida, mas eu não fiquei feliz com essa nova adição.

— Nós podemos esperar por ela no jogo de argolas — eu apontei uma barraca do outro lado.

Nós fomos e logo começamos a tentar a sorte com algum prêmio aleatório, mas minha curiosidade não me deixava ignorar a história da tia, me levando a erguer a questão que rondava minha mente.

— Essa sua tia, ela vai vir com o marido? — eu perguntei.

— Ahh não, ela não é casada — Scarlett devolveu.

Uma solteirona? Isso pode ser pior do que pensei!

Em minha mente, a visão de uma mulher antiquada que espantaria qualquer jovem que pudesse se juntar a nós surgiu.

— Não diga assim. Ela não é casada ainda, mas tenho certeza que logo ganhará um anel — Connie corrigiu a prima.

Scarlett que estava prestes a atirar uma argola parou, se virando para a amiga com uma expressão divertida.

— Um anel? Mulheres como a Maggie não ganham esse tipo de anel, Connie.

Se antes eu estava interessada na história de Maggie, nesse momento eu absolutamente não poderia ficar sem saber. Deixei minhas argolas sobre o balcão, me virando para as duas.

— Mulheres como ela?

— Maggie é enfermeira na universidade que vamos estudar, e ela tem um Sugar Daddy — Scarlett contou.

— Não diga isso em público! — Connie desaprovou.

Eu olhei com diversão para a garota, que parecia horrorizada com a possibilidade de alguém ouvir aquilo.

— Não é como se meu pai estivesse aqui para descobrir como a irmãzinha dele consegue tantos diamantes — Scarlett desdenhou.

Connie voltou sua atenção para o jogo, voltando a atirar suas argolas, parecendo contrariada com as palavras da amiga.

— Você é horrível, ela mesmo disse que são apenas amigos!

— Um amigo que dá muitos presentes e ela não pode apresentar para ninguém? Muito conveniente — Scarlett não desistiu, me fazendo sorrir, seguindo o exemplo de Connie e voltando minha atenção para o jogo.

Ela tinha razão, estava claro que a relação de sua tia com o homem não era nem um pouco convencional, mas eu não a julgaria, principalmente sem conhecê-la.

Por outro lado, eu comecei a achar graça da dinâmica da amizade entre as duas moças que pareciam ser o completo oposto uma da outra, e ainda assim, eram bem unidas.

— Será que o Brad encontrou algum urso? — Connie decidiu mudar de assunto.

— Eu juro que não entendo porque ele cismou comigo! Eu só estava andando!

As duas trocaram um olhar divertido antes de se virarem para mim, deixando de vez as argolas de lado.

— Ahh querida, você não estava só andando! — Scarlett ironizou.

Aquela frase me surpreendeu. Elas estão achando que eu fiz alguma coisa para atrair a atenção daquele maluco?

— Eu passei por ele e ele começou a me seguir, eu não fiz nada!

— Você já se olhou no espelho? Vamos, você parece a versão mais jovem e bonita da Violet Kinahan — Connie deu de ombros.

Violet Kinahan é uma renomada atriz, a herdeira mais jovem do poderoso clã Kinahan em Hollywood, e seus cabelos ruivos e íris violeta eram a marca registrada da família.

— Ele teria que ser no mínimo maluco para não se interessar, e ele não é — Scarlett concordou.

— Quem está interessado em quem? — uma voz delicada e melodiosa soou ao meu lado.

Eu me virei, encontrando uma das mulheres mais bonitas que eu já tinha visto. Seus cabelos dourados bem cuidados chegavam na altura dos seus ombros e seus olhos pareciam duas safiras de cor intensa.

— Maggie, você chegou! — Scarlett sorriu antes de me apresentar a mulher — essa é a minha amiga, Emilly Aster St Clair.

Eu estendi a mão para cumprimentar a mulher, mas ela parecia particularmente interessada em meu rosto.

— Ahh meu Deus, seus olhos!

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App