A casa tem cheiro de mofo, de abandono, de passado. E é exatamente isso que ela procura ali: silêncio e esquecimento.
Ela olha para o teto, onde uma mancha de umidade tomou conta do canto. Seu olhar está perdido. As palavras da carta que deixou para Eros ainda ecoam em sua mente… mas agora, tudo parece amargo.
Ela se abraça, encolhida. Não chora. Só respira fundo, como se a dor estivesse sendo costurada dentro dela com linha invisível.
Ao lado, um porta-retratos antigo virado para baixo. Ela o ergue. A foto da mãe. Harper fecha os olhos por um instante, como se buscasse coragem nela.
— Desculpa, mãe. Eu não consegui ir.— sussurra.
O telefone vibra. Uma chamada de número desconhecido. Ela não atende.
A tela escurece.
Silêncio.
Kington está sozinho em seu escritório, sentado à meia-luz. Observa um antigo papel com um endereço riscado à mão. Um lugar apagado pelo tempo — a casa onde Harper perdeu a mãe.
Ele encosta os dedos na folha, pensativo.
— Você sempre volta pra onde tudo