Harper desceu os últimos degraus do palco com a mesma elegância felina de quem domina não só a própria presença, mas todo o ambiente. Seu vestido azul-marinho fluía como mar nas curvas do seu corpo, e o som dos saltos ecoava como batidas precisas de um relógio prestes a explodir o tempo.

Ela caminhou entre os convidados paralisados, olhos cravados em Eros, que não piscava. Ele sequer respirava. Sentia-se hipnotizado.

Quando finalmente chegou diante dele, não disse uma palavra. Apenas o puxou pela gravata com lentidão, ergueu o rosto e o beijou. Um beijo calmo, provocador, cheio de promessa e domínio. Eros, por instinto ou fraqueza — ou pura obsessão —, correspondeu. Suas mãos a seguraram pela cintura como se estivesse se perdendo. Nada mais existia naquele instante.

O salão entrou em choque.

— EROS?! — A voz de Mila quebrou o ar como uma taça estilhaçada. — O que... é isso?! O QUE SIGNIFICA ISSO?!

Ela caminhava apressada até eles, os olhos marejados, o rosto manchado de maquiagem