A cozinha estava mergulhada em penumbra, iluminada apenas pela luz amarelada da luminária sob o armário. Era tarde, tarde demais para estar acordada, mas Isabela não conseguia dormir desde o último embate com Romeu na noite anterior, naquela mesma cozinha. Desde o último quase-toque. Desde aquela maldita promessa.
“Quando você implorar, eu não vou ter piedade.”
Aquelas palavras grudaram nela como suor. Ela estava de costas, pegando algo na geladeira, quando sentiu a presença atrás de si. Outra vez, o calor, o cheiro. A tensão que se instalava antes mesmo que ele dissesse uma palavra.
— Você anda perambulando muito de madrugada — ele disse, com aquela voz arrastada. — Vai acabar tropeçando em problemas. Tipo eu.
Ela girou devagar. Usava apenas um short de algodão e uma regata fina, sem sutiã. Ele olhou, devorou, mas se manteve impassível. Quase.
— O que quer, Romeu?
— Ainda tentando descobrir se a fome é sua ou minha.
Ela deu uma risada seca.
— Talvez eu devesse descobrir isso nos braç