No dia seguinte Isabella estava na sala de leitura, encolhida no sofá com um livro entre as mãos. Já era tarde e era uma noite silenciosa, abafada, e o som da chuva caindo lá fora criava um ritmo hipnótico. Ela usava um robe de cetim, curto, frouxamente amarrado à cintura. As pernas nuas se estendiam sobre o tapete, os pés descalços tocando a madeira fria. Estava relaxada. Até ouvir o barulho da porta se abrindo.
Ela ergueu os olhos e o viu. Romeu. De camisa preta semi aberta, mangas dobradas até os antebraços, calça social escura, cabelos um pouco desordenados. Ele entrou como quem possuía aquele lugar, como quem estava prestes a tomar o que quisesse, com ou sem permissão.
— Não esperava te ver aqui a essa hora — ela murmurou, voltando os olhos ao livro numa tentativa patética de parecer indiferente.
— Eu também não esperava. Mas... — ele parou perto da poltrona oposta, observando-a com intensidade — ...às vezes o universo nos prega boas peças.
Ela fingiu um sorriso.
— Que poético, Ro