Capítulo 5

POV Dominic Castellan

A fumaça do charuto ainda rodopiava no ar quando eu ergui o copo pela primeira vez naquela noite. A VÉRTICE tinha aquele brilho de neve suja: sedutora de longe, mas cheia de rachaduras por dentro.

Eu estava encostado num dos camarotes do andar superior, olhando a pista vazia — até porque mulher com corset dançando varria qualquer vontade de multidão. A stripper trabalhava o pole com graça venenosa, rebentando meus nervos. Fechei os olhos e suspirei fundo.

Foi aí que o Gael apareceu, descendo a escada com aquela cara de quem trouxe o mundo nas costas. Irmãos, né? Sempre igual: um pensa que o outro tem a vida resolvida.

— Bora lá embaixo, Dom? Precisamos falar.

Eu apaguei a ponta do charuto no cinzeiro de mármore e tirei o copo da boca. Ele respirou fundo, os músculos da mandíbula contraídos.

— O que foi agora? — perguntei, sem paciência.

Ele engoliu em seco.

— Está tudo um caos. O pessoal tá reclamando, dos DJs, das músicas, dos boatos sobre você, da segurança. As mulheres não ficam, o público cai. Isso tá matando a casa.

Balancei a cabeça, impaciente.

— Eu sei disso. Mas você é o gerente. É você quem resolve.

Ele passou a mão no cabelo, nervoso.

— Tô fazendo o que posso! A agenda de contatos tá lotada, mas se eu não tiver o budget, não adianta!

Eu arqueei a sobrancelha.

— Budget? As salas VIP custaram uma fortuna, e você fez isso ser exclusivo. Se continuar com esse favoritismo, babando ovo de gente que não presta, você vai perder esse lugar. Eu vou tirar ele de você!

Ele arregalou os olhos.

— Não… Por favor, Dom, deixa eu consertar!

— Então dá um jeito de se virar!. Ou eu coloco o Thiago no seu lugar. 

Gael engoliu em seco, suando frio.

— Sabe o que a mamãe faria se eu perdesse esse lugar? É a única coisa que faz ela sair do meu pé.

— Sorte a sua! Se eu assumir o negócio e ela descobrir que você quebrou a VÉRTICE, vai te empurrar pra trabalhar na Castellan.”

— Deus me livre trabalhar com você…

Eu o encarei esperando que ele tivesse coragem de terminar. Ele mordeu o lábio, derrotado. Eu dei mais um trago no charuto e me levantei para ir embora.

— Resolve isso até sexta!

Antes de sair meu celular tocou, era nossa mãe.

— Falando no diabo…

Saí da sala e recusei a chamada. Eu ja sabia o motivo da ligação, e se fosse algo diferente disso, provavelmente ela nem ligaria para mim e sim para Thiago, o filho favorito. Alcoólatra igual o pai.

Agora eu não tinha tempo para os jogos de chantagem dela. Eu precisava de um banho, e silêncio!

Cheguei em casa com o terno ainda cheirando a perfume caro e cigarro. E minha mãe estava lá, parada, como se esperasse o momento exato pra me esmurrar com palavras.

Nem as luzes indiretas da sala de estar suavizaram as marcas de expressão que ela fazia tanta questão de esconder.

Ela abriu o olhar frio:

— Porque não atendeu minha ligação?

— Se for para falar o que já sei, não precisa ligar!

— Dom, meu filho. Você precisa superar aquela mulher e seguir em frente. — A voz suave chega a soar como ironia.

Eu reviro os olhos e atravesso a sala até o corredor. Os passos rápidos atrás de mim avisam que eu não vou poder descansar enquanto ela não escutar o que quer.

— De novo essa conversa mãe?

—  Você precisa de uma mulher, Dominic. O sobrenome Castellan precisa de continuidade.

Eu a encaro. Ela levanta o olhar, firme como uma rocha de gelo.

Como se estivesse me desafiando.

— Não começa.

Tento me afastar, mas ela me puxa. Ela não parece disposta a ceder dessa vez.

Respiro fundo, a noite vai ser longa.

— Não importa se é namorada, ou uma atriz paga. Você precisa de alguém ao seu lado. Alguém que represente o legado Castellan com dignidade. Você já viu o que falam de você meu filho?

— Eu não dou a mínima para essas coisas mãe. Estou bem como estou, e não irei me casar tão cedo por conta de boatos e fofocas.

Eu dou um sorriso torto. Essa mulher realmente acha que o mundo gira em torno da aparência.

Ela tira de dentro da bolsa um envelope e j**a na mesa. Eu encaro aquilo como se fosse uma armadilha. E era.

— Você pode continuar fingindo que não se importa, Dominic. Mas o sobrenome Castellan carrega mais do que dinheiro. Ele carrega história. E responsabilidade.

— O que é isso agora?

— Uma parte das ações internacionais do Grupo Castellan que seu pai deixou em meu nome!

Semicerro os olhos e cruzo os braços abaixo do peito

— Quer brincar de empresária agora mãe?

— Orá, cale a boca! Essas ações foram separadas da sua herança porque seu pai queria que elas fossem para a Isadora depois que vocês se casassem! Ou você não lembra dos seus próprios planos?

Ela sorri, fria.

Com olhar de quem já venceu.

— Seu pai confiou elas a mim, para eu garantir que seriam passadas para sua futura esposa, a Isadora… Mas ela se foi, com um homem qualquer. Você deixou ela ir!

A velha completou, como quem crava uma estaca no peito.

Claro que minha mãe iria me culpar pela partida da Isadora. Elas eram inseparáveis.

Por muito tempo eu achei que aquele jeito dela perto da minha mãe, fria, meticulosa, bajuladora, era só pra agradar a persona difícil que gerou a mim e ao inferno. Mas depois do que ela fez…

Eu fui cego. Cego e estúpido.

— Já entendi, mãe. Quer que eu arrume uma boneca pra posar do meu lado. Nem que seja inflável.

— Não brinque comigo, Dominic. Já passou da hora de você começar uma família. Dar um legado a família Castellan. E se você não tem alguém ao seu lado... vamos providenciar. Tem gente disposta. Mães interessadas. Herdeiras ansiosas. Eu tenho certeza que essas ações são úteis para você agora, uma aliada não seria de todo mal

As mulheres são interesseiras. Se casam por dinheiro… Seria um milagre encontrar alguém que fosse o contrário disso, ainda mais se fosse filha de conhecidos da minha mãe.

Ela se vira, caminha até a porta como se tivesse acabado de concluir um contrato.

— Você tem até o dia da inauguração da Holding Castellan…  Se não eu irei dar essas ações a Thiago. Elas com certeza são mais importantes para você do que para mim.

— Você deixaria o Thiago assumir as operações internacionais por isso?

— Ele ao menos é casado. Tem um nome limpo na imprensa. E não arraste escândalos por onde passa como você.

— Ele é um alcoólatra, ele trai a esposa, e só não tem escândalos envolvendo ele porque o pai limpou o nome dele antes de morrer.

— Se acha que ele não merece, então faça por merecer!

Ela atravessa a porta e vai embora…

Golpe baixo é pouco, isso foi sujo!

E tudo por status, por uma fantasia que meu pai inventou pra agradar meu avô.

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