CAMILA NOGUEIRA
A cadeira de couro da minha sala na Nogueira Importações nunca pareceu tão desconfortável, apesar de ser a mesma que usei antes de tudo isso acontecer.
Passei os olhos pela planilha de custos no monitor. Minha mente estava a quilômetros de distância, presa num ciclo vicioso de medo, raiva e planejamento.
O telefone tocou, me fazendo pular.
— Dona Camila? — A voz da recepcionista, soou. — A Srta. Emma e a Srta. Zoe estão aqui. Elas disseram que vieram para o "almoço de emergência".
Soltei o ar que prendia. Elas vieram.
— Pode deixar subir, Marina. Imediatamente.
Dois minutos depois, ouvi a voz de Emma no corredor, alta e estridente de propósito.
— Ai, meu Deus, que lugar deprimente! Como a Camila aguenta trabalhar nesse silêncio?
A porta se abriu. Bruno bloqueou a entrada momentaneamente, o braço estendido barrando-as.
— Identificação, por favor — ele disse, com a voz de robô.
— Ah, qual é, Rambo! — Zoe revirou os olhos, empurrando a bolsa de grife contra o p