ARTHUR VASCONCELOS
O abraço de Camila estava... diferente.
Ela estava lá, fisicamente pressionada contra mim, a cabeça no meu peito, as mãos nas minhas costas. Ela disse que estava com saudades e sorriu para mim com uma doçura que eu não via há dias.
Mas quando me afastei para beijá-la, senti algo estranho.
Ela se ergueu nas pontas dos pés e pressionou os lábios nos meus. Não foi um beijo frio. Não foi um beijo de recusa. Foi um beijo perfeito. A pressão correta, a duração adequada, a inclinação exata da cabeça. Mas faltava algo. Faltava aquele tremor sutil que ela sempre tinha quando eu a tocava. Faltava o suspiro involuntário. Faltava a eletricidade.
Parecia o beijo de uma atriz, executando a cena perfeita de um romance, mas com a mente já no camarim.
Ela se afastou, sorrindo aquele mesmo sorriso que eu amava.
— Vou subir para tomar um banho — ela disse, suavemente. — O dia foi longo.
Fiquei parado no corredor, observando-a subir as escadas. Algo está errado.
Minha intuição, afiada