CAMILA NOGUEIRA
Passei o resto da tarde num estado de neblina.
Tentei trabalhar, mas meus olhos apenas percorriam as linhas sem ler. Cada vez que olhava para Bruno, sentia a culpa e o medo. Eu ia enganá-lo amanhã. Ia usar minha única brecha de privacidade para pegar as provas que poderiam destruir meu casamento.
Às 18h, meu celular novo tocou. Era Arthur.
— Já estou aqui embaixo. A imprensa está acampada na frente do prédio. Bruno vai te descer pela garagem de serviço. Eu vou te encontrar no carro.
— Ok — respondi, monossilábica.
O plano de fuga funcionou. Bruno me escoltou pelos corredores de serviço, descemos pelo elevador de carga e entramos no SUV que esperava com o motor ligado na garagem subterrânea escura.
Arthur estava no banco de trás.
Assim que entrei, ele me puxou para um abraço. O cheiro dele me envolveu, e por um segundo, quis desabar e contar tudo.
Mas a voz dela na minha cabeça repetia: "Ele está mentindo, ele mentiu desde o começo."
Fiquei rígida nos braços d