CAMILA NOGUEIRA
O aperto no botão do controle remoto foi como um tiro de misericórdia. A tela da TV ficou preta, engolindo o rosto angelical e venenoso de Anabela, mas as palavras dela continuavam ricocheteando nas paredes da minha mente como estilhaços de vidro.
"Sair de cena. Pelo bem de todos."
Bruno baixou o braço, segurando o controle com uma força desnecessária. Até ele, o soldado perfeito de Arthur, parecia desconfortável com o que acabáramos de assistir. Ele não olhou para mim. Talvez por respeito, talvez por pena. E eu não sabia o que era pior.
— Vamos voltar para a sala, Dona Camila.
Não respondi. Apenas me virei, sentindo meu corpo mover-se no piloto automático. Minhas pernas pareciam feitas de chumbo, e cada passo de volta para o escritório era uma batalha contra a gravidade e contra a vontade avassaladora de vomitar.
Entrei na minha sala. O ar-condicionado estava gelado, secando o suor na minha nuca. Caminhei até a minha mesa e me sentei. Bruno entrou logo atrás, fe