ARTHUR VASCONCELOS
— Você sempre foi esperto, Arthur — ela disse. A voz mudou também. — É uma das coisas que eu mais odeio em você.
— Então você lembra — constatei, sentindo o gosto amargo.
— Eu lembro de tudo — ela sibilou. — Lembro de cada dia trancada naquele lugar.
— Não se faça de vítima, Anabela. Você não foi "trancada" sem motivo. Vamos refrescar sua memória seletiva sobre a noite de 12 de maio. — Ela estreitou os olhos, o sorriso vacilando levemente. — Você pegou o carro. Você estava bêbada e cheia de comprimidos. Você dirigiu até a represa. Você acelerou aquele carro em direção à água. Você queria morrer. Você queria que o mundo visse seu cadáver inchado e me culpasse por isso.
— Se não fosse pela minha equipe de segurança, que estava te seguindo porque eu sabia que você estava instável... você estaria no fundo daquela represa agora, comida por peixes. — Apontei o dedo para ela. — Foram os meus homens que pularam na água gelada. Foram eles que quebraram o vidro e te arrastara