ARTHUR VASCONCELOS
O cheiro de antisséptico impregnava o corredor do Hospital Santa Catarina. Era um odor que eu conhecia bem, o cheiro de lugares onde a vida e a morte negociavam em sussurros.
Caminhei pelo corredor da ala VIP, o quarto era 304.
Parei diante da porta de madeira clara. Minha mão pousou sobre a maçaneta de metal. Por um segundo, o grande Arthur Vasconcelos hesitou. O medo não era uma emoção que eu costumava sentir, mas o que estava atrás daquela porta tinha o poder de destruir tudo o que eu construí.
Girei a maçaneta e entrei.
Silvia estava sentada em uma poltrona no canto, o rosto inchado e vermelho, segurando um terço com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. Quando me viu, ela se levantou num salto.
— Obrigada por vir.
Ignorei-a. Meus olhos foram direto para a cama.
Lá estava ela.
Anabela.
Ela parecia um espectro do que fora um dia. A mulher exuberante, cheia de curvas e energia que um dia ocupou minha vida, tinha desaparecido. No lugar dela, havia uma