32 - Se queimar uma ova...
ARTHUR VASCONCELOS
O cheiro do casebre, de mofo e medo, parecia ter se agarrado às fibras caras do meu terno. O som do pulso de Josué estalando ainda estava em minha mente, uma nota satisfatória e final. A vingança era um prato limpo e equilibrado.
Entrei no hall da mansão e o cheiro de casa limpou meus pulmões. Eu precisava de um banho.Subi as escadas, desabotoando o paletó, a exaustão da adrenalina baixando e se transformando em uma necessidade familiar: Eu queria minha esposa. Queria enterrar meu rosto em seu cabelo e apagar as últimas horas cansativas da minha vida.
Quando cheguei ao corredor do nosso quarto, ouvi vozes e risadas.
Parei, com a mão na maçaneta, a porta estava entreaberta e a irritação foi imediata.
Camila estava no meio da cama, apoiada em um monte de travesseiros. O cachorro, Pierre, estava enrolado ao lado dela, a cabeça em seu colo. E, sentadas na beirada da cama estavam as duas amigas. Emma e Zoe.
As três mulheres e o cachorro pararam o que estavam fazendo e ol