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2 - Meu noivo na cama com a minha tia

CAMILA NOGUEIRA

Com a raiva me servindo de combustível, o caminho até o apartamento do Felipe pareceu levar mais tempo. Cada semáforo fechado era uma tortura, cada carro lento na minha frente, era um inimigo. Eu só queria chegar, me jogar nos braços dele e deixar que ele me dissesse que tudo ficaria bem, que meus pais eram os loucos e que o nosso amor era a única coisa que importava no mundo. Estacionei de qualquer jeito na vaga em frente ao prédio, peguei minha mala e a bolsa, pronta para construir nossa nova vida.

Subi os lances de escada com o coração martelando, continuava furiosa pela briga, mas estava ansiosa para vê-lo.

Peguei a chave reserva que ele me deu e a enfiei na fechadura. Girei devagar, querendo fazer uma surpresa, imaginando o sorriso dele ao me ver ali, de mala e tudo, pronta para começar nossa história de verdade, longe de tudo e de todos.

Empurrei a porta e entrei. O apartamento estava silencioso.

— Felipe? Amor? — chamei, deixando a mala perto do sofá.

Nenhuma resposta. Achei estranho. O carro dele estava lá embaixo. Caminhei pelo corredor, passando pela cozinha. Uma taça de vinho com marca de batom estava na pia. Não era meu batom.

Uma pontada de desconforto me atingiu, mas eu a ignorei. Talvez a irmã dele tivesse passado por ali. Foi quando ouvi. Um som baixo, vindo do nosso quarto. Uma risada feminina, abafada. Meu corpo inteiro gelou. Não era a risada da irmã dele. Era uma risada que eu conhecia como a minha própria.

Minhas pernas pareceram se mover sozinhas, me levando até a porta fechada do quarto. O som ficou mais claro. Gemidos. Murmúrios. O sangue sumiu do meu rosto. Minha mão, trêmula, alcançou a maçaneta. Eu não queria abrir. Cada fibra do meu ser gritava para eu dar meia-volta e ir embora, mas eu precisava saber. Eu precisava ver.

Girei a maçaneta e empurrei a porta de uma vez.

O ar foi roubado dos meus pulmões. A cena na minha frente era como um pesadelo, uma imagem que meu cérebro se recusava a processar.

Na nossa cama, nos nossos lençóis, estava Felipe. E embaixo dele, gemendo o nome dele, estava a minha tia Lúcia.

Eles levaram um segundo para me notar, parada na porta. O grito que eu queria soltar morreu na minha garganta, transformado num soluço sufocado. Felipe se virou, com os olhos se arregalando. Minha tia se cobriu com o lençol, o rosto contorcido em choque e irritação. Não havia culpa, nem remorso.

— Camila? — a voz de Felipe saiu falhada. — O que... o que você está fazendo aqui tão tarde?

Isso é o que ele iria dizer?

— O que eu estou fazendo aqui? — consegui sussurrar, minha voz soou irreconhecível aos meus ouvidos. — O que ELA está fazendo na nossa cama?!

— Ah, minha querida sobrinha, não seja tão dramática — disse minha tia Lúcia, a voz arrastada de quem foi interrompida. Ela se sentou, o lençol mal cobrindo seus seios.

— Tia? — olhei para ela, sentindo o mundo girar. A minha tia, minha confidente, a mulher que me dava conselhos sobre o Felipe e era como uma segunda mãe. — Como você pôde?

Felipe saiu da cama, procurando as calças no chão. Ele não conseguia me encarar.

— Camila, olha, não é o que parece...

— NÃO É O QUE PARECE? — meu grito finalmente veio, rasgando o silêncio. — EU ENCONTRO MEU NOIVO NA CAMA COM A MINHA TIA E NÃO É O QUE PARECE?

— Fala baixo! — ele rosnou, agora me olhando com raiva. — Quer que os vizinhos ouçam?

A frieza dele me quebrou. As lágrimas que eu segurava começaram a cair, queimando meu rosto.

— Eu larguei minha família por você, Felipe. Eu briguei com meus pais, saí de casa por você!

Ele soltou uma risada amarga.

— Grande coisa! A família que está falida? Que não tem mais onde cair morta? Preciso de alguém diferente para me bancar agora, não é? Sua tia tem como.

O queixo da minha tia Lúcia se ergueu, um sorriso presunçoso nos lábios manchados do batom vermelho.

— Sinto muito, querida. Não tenho culpa se tenho mais dinheiro e sou bem melhor de cama que você. Você devia ter aprendido alguma coisa com meus conselhos, querida. Talvez tivesse conseguido prendê-lo se soubesse fazer algo bom na cama. Felipe me contou como era enfadonho te ter na cama.

— Eu até teria me casado com você, mesmo com essa vida sexual frustrante, se ainda tivesse o dinheiro dos seus pais. Mas agora que a Lúcia me contou sobre a situação dos Nogueira, vou ser amante dela.

Aquelas palavras foram o fim. Eu era o degrau que ele usou, e agora que não servia mais, era descartada. E minha tia, minha própria família, era sua cúmplice.

Não havia mais nada a dizer. A dor era tão grande que se transformou em dormência. Virei as costas para eles, para o quarto que um dia foi nosso, para a vida que eu achei que teria. Saí do apartamento sem olhar para trás.

Entrei no carro e tranquei as portas. Fiquei parada, com as mãos no volante, olhando para o nada. A mala no banco do carona agora era uma piada de mau gosto. Eu não tinha mais para onde ir. A família que eu abandonei, o homem que eu amava, a tia que era como uma mãe... tudo, absolutamente tudo, foi destruído naquele instante.

Dei a partida no carro e comecei a dirigir. Sem rumo. As luzes da cidade eram borrões através das minhas lágrimas.

Eu estava completamente sozinha, despedaçada no meio dos escombros do que um dia foi a minha vida.

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