CAMILA NOGUEIRA
Meu primeiro pensamento consciente foi: dor.
Um latejar constante e profundo entre minhas pernas, uma sensibilidade em músculos que eu nem sabia que existiam. Meu corpo inteiro parecia ter sido usado e esticado. Mas não era uma dor ruim. Me lembrava que eu estava viva.
O outro lado da cama estava vazio, os lençóis de seda estavam frios onde ele deveria estar. Mas eu não estava sozinha. O som de água corrente vinha do banheiro.
Uma onda de calor subiu pelo meu pescoço, queimando meu rosto, enquanto as memórias da noite anterior me invadiram.
Deslizei para fora da cama, minhas pernas tremeram vergonhosamente. O chão estava gelado sob meus pés. Encontrei um roupão de seda preto jogado sobre uma poltrona, provavelmente dele, julgando pelo tamanho, e me vesti.
Fui até o banheiro. O vapor saía por baixo da porta do box, um cubículo de vidro fosco tão grande quanto um pequeno quarto. Eu podia ver a silhueta dele lá dentro, se movendo sob a água.
Ignorei-o, por um mome