O som distante de passos anunciavam a chegada de Gael. O coração acelerou no mesmo instante, o teste ainda estava escondido dentro da gaveta da penteadeira, mas era impossível não sentir o peso do segredo pulsando dentro do peito.
Respirei fundo e ajeitei o corpo na cama, tentando parecer o mais tranquila possível.
— Leandra? — a voz grave dele ecoou.
— Sim — respondi, tentando manter o tom calmo.
Ele entrou vestindo uma camisa social escura e calça preta. A gravata estava frouxa, e o cabelo um pouco bagunçado denunciava o cansaço de um dia longo.
Gael me observou por alguns segundos, como se procurasse algo invisível no rosto.
— Está bem? — perguntou, aproximando-se. — Parece… diferente.
O coração deu um salto, mas a expressão permaneceu serena.
— Estou sim — disse com naturalidade. — É impressão sua. Só estou um pouco cansada.
Ele manteve o olhar sobre mim, como se ainda duvidasse da resposta.
— Cansada? — murmurou, inclinando um pouco a cabeça. — Teve um dia difícil no trabalho