Dois dias depois do nosso jantar no hotel, a vida parecia ter voltado ao ritmo normal — ou tão normal quanto podia ser na nossa casa. Os meninos estavam especialmente agitados naquela manhã, e meus sogros haviam passado para buscá-los, insistindo que Gael e eu precisávamos descansar “antes que o novo bebê chegasse e o caos ficasse completo”.
Rimos, mas era verdade.
Aproveitei a rara tranquilidade para sentar na varanda, onde o sol suave iluminava a mesa de madeira usada para trabalhar. O ar fresco carregava o cheiro distante de grama recém-cortada. Abri o caderno de esboços, mergulhei no projeto das últimas semanas e deixei que o lápis falasse por mim.
A concentração era tanta que nem percebi quando Gael se aproximou. Só senti sua sombra quente e familiar sobre o papel.
— Que lindo — murmurou, inclinando-se para ver o desenho. — É encomenda para algum cliente?
Sorri, orgulhosa.
— Sim. Duas princesas especiais.
Ele franziu o cenho, confuso por um instante, até seus olhos azuis brilhare