A cozinha sempre foi um dos meus lugares preferidos da casa. Não porque eu fosse uma chef excepcional longe disso, mas porque ali, entre panelas, farinha espalhada e cheiro de baunilha, eu sentia uma calma que nenhum outro canto conseguia me dar. A cozinha era meu refúgio silencioso, meu espaço seguro, meu lar dentro do lar.
Naquela manhã, acordei com a estranha vontade de fazer panquecas. Não havia motivo especial, apenas um desejo de sentir algo simples, leve. O sol mal tinha atravessado as janelas, e a casa respirava aquele silêncio acolhedor de início de dia. Vesti meu avental roxo com flores douradas — presente da minha sogra — e comecei a separar os ingredientes.
Não demorou muito para ouvir passos atrás de mim. Quando me virei, lá estava Gael, despreocupado como sempre, pegando outro avental e vestindo-o sem nem perguntar se podia.
— Por onde eu começo, cheff? — perguntou depois de lavar as mãos, tentando parecer sério, mas claramente animado.
— Me ajuda a separar a clara da ge