Acabei de amamentar a minha pequena Ji-won e a coloquei com todo o cuidado no berço, ajeitando o cobertor sobre seu corpinho quente. Ela dormia tranquila, com as mãozinhas fechadas e o rostinho sereno, alheia a toda dor e confusão que rondava o nosso mundo naquele momento.
Eu me afastei do berço devagar e me sentei na poltrona ao lado, abraçando minhas próprias pernas, ainda em choque. O telefonema de Eun-woo ainda ecoava na minha cabeça. Ele estava no hospital com Tae-ho.
Era difícil de acreditar que ela havia realmente tentado tirar a própria vida. Tae-ho, com toda sua altivez, com sua dor silenciosa, com aquele orgulho que a mantinha sempre ereta mesmo diante da rejeição do mundo. Ela havia cravado uma faca no próprio ventre.
Depressão? Um colapso mental? O luto pela morte do pai?
Ou talvez... o peso de anos sendo alguém que nunca pôde ser de verdade. A vida de mentiras que lhe impuseram desde criança, a rejeição dos pais, o amor não correspondido.
Tudo isso tinha um custo. E talve