Na manhã seguinte, bastou Elize atravessar a porta do escritório para sentir os olhares atravessarem a sala como flechas bem-humoradas. Glória, com aquele sorrisinho disfarçado de quem sabe mais do que diz, foi a primeira a soltar:
— Já contei pra todo mundo que você fez o Augusto engolir a surpresa de novo. — e completou, piscando — De nada.
Elize riu, ajeitando a alça da bolsa no ombro. Ainda não estava acostumada com aquele tipo de reconhecimento — menos ainda com a ideia de que tinha surpreendido Augusto mais de uma vez.
E a verdade era que, com a rotina dos processos agora bem mais organizada por ela mesma, o escritório estava fluindo num ritmo mais leve. O trabalho do dia a dia resumia-se a entregas de documentos, consultas rápidas e poucas urgências.
Foi nesse clima que Henrique surgiu na mesa dela. Encostado na lateral, com uma pasta na mão e aquele sorriso tranquilo:
— Tenho um caso pra sexta-feira. Um processo antigo, complexo, e acho que você vai gostar. — disse, diret