Elize encarava o armário como se estivesse prestes a depor em um tribunal cheio de câmeras.

Terça. Dia oficial da aparição do Augusto Villamar. O velho sócio fundador, meio lenda, meio sombra, que até hoje não tinha trocado uma frase com ela.

Na semana passada, ela tinha sido arrancada da rota por Rodrigo antes mesmo de um “bom dia” acontecer. Mas dessa vez… dessa vez ela estaria pronta. Impecável.

Vestiu um blazer claro, alinhado, com cara de quem sabe o que está fazendo — mesmo quando não tem ideia. O cabelo preso numa trança embutida, mas com um fio ou outro estrategicamente solto, porque ninguém é de ferro. E o perfume? O tipo que não grita, mas sussurra no ouvido.

Olhou no espelho antes de sair.

— Que o dia me respeite — murmurou sorrindo. E saiu.

No escritório a mesa já estava tão arrumada que parecia cenário de catálogo. Pastas empilhadas por ordem de importância, post-its revisados, até a caneca da firma estava no ângulo certo.

Elize estava só conferindo pela décima vez