Pela manhã, o carro de Henrique deslizava pelas ruas ainda úmidas da madrugada anterior.
O som constante do motor preenchia o silêncio entre eles, mas Henrique não tirava os olhos da estrada — e, ao mesmo tempo, parecia observar cada respiração de Elize.
— Nós precisamos falar com o Gael — ele disse, com aquela firmeza que não aceitava adiamentos.
Elize sentiu o peito apertar. — Henrique… não é tão simples.
— Não é simples porque você está tentando proteger ele. Mas, se estamos mesmo construindo uma vida juntos, não podemos começar escondendo algo tão grande. Ele merece saber que somos os pais dele.
O coração dela batia rápido.
A lembrança do menino sorrindo, chamando a irmã de mãe, se misturava ao medo do dia em que seus olhos se voltariam para ela sem entender mais quem ela era.
— E se ele me odiar? — a voz dela saiu baixa, quase um sussurro.
Henrique desviou o olhar da rua apenas por um segundo, mas foi o bastante para que ela visse a determinação nele.
— Ele não vai te odiar. Ele