Augusto não levantou o olhar.
— Leio processos assim há quarenta anos, Arthur. E esse tipo de crime, infelizmente, segue um padrão previsível.
Arthur assentiu, mas não deixou passar.
— Mesmo assim, você sabe mais do que eu coloquei na pasta. Percebeu coisas que eu ainda não tinha notado. Está mesmo dizendo que nunca viu esse processo antes?
Augusto fechou a pasta com calma, então ergueu os olhos para o filho.
— Estou dizendo que você precisa parar de procurar pelo em ovo. Não há nada nesse caso que valha sua energia.
Arthur forçou um sorriso discreto. Levantou-se devagar e pegou a pasta de volta.
— Tá certo. Obrigado, de qualquer forma. Sempre bom contar com sua leitura fria.
Augusto já voltava para seus papéis quando Arthur se virou na porta e arrematou:
— Ah, só mais uma coisa. Eu reparei que você comentou sobre esse réu uma vez com muita propriedade... E não era uma conversa de trabalho.
— Você deve estar confundindo — respondeu Augusto, sem sequer levantar os