Capítulo 100 - Até amanhã

A casa estava mergulhada no escuro, com exceção da luz tênue que escapava do abajur ao lado da cama.

Elize se revirava sob o lençol leve, os olhos presos ao teto como se ele tivesse todas as respostas que ela precisava.

Mas o que ela queria mesmo era dormir. Só isso. Só dormir.

Mas o coração não colaborava. A mente, menos ainda.

Ela puxou o travesseiro contra o peito e suspirou. Fechou os olhos com força, tentando se obrigar a esquecer o que viu naquela noite. Mas não dava.

Henrique. Sem camisa. Correndo na praia como se fosse cena de comercial de perfume caro.

Abriu os olhos, irritada.

— Não é possível...

Onde foi parar aquele menino do cais, de cabelo pintado de azul e lente verde? O moleque que sorriu torto pra ela enquanto oferecia uma bala estrategicamente guardada no bolso? Cadê a voz ainda um pouco fina, as mãos desajeitadas, o jeito impulsivo?

Agora tinha virado aquilo. Um homem. Um homem inteiro.

Crescido, forte, confiante. Que olhava pra ela como se soube
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