A casa estava mergulhada no escuro, com exceção da luz tênue que escapava do abajur ao lado da cama.
Elize se revirava sob o lençol leve, os olhos presos ao teto como se ele tivesse todas as respostas que ela precisava.
Mas o que ela queria mesmo era dormir. Só isso. Só dormir.
Mas o coração não colaborava. A mente, menos ainda.
Ela puxou o travesseiro contra o peito e suspirou. Fechou os olhos com força, tentando se obrigar a esquecer o que viu naquela noite. Mas não dava.
Henrique. Sem camisa. Correndo na praia como se fosse cena de comercial de perfume caro.
Abriu os olhos, irritada.
— Não é possível...
Onde foi parar aquele menino do cais, de cabelo pintado de azul e lente verde? O moleque que sorriu torto pra ela enquanto oferecia uma bala estrategicamente guardada no bolso? Cadê a voz ainda um pouco fina, as mãos desajeitadas, o jeito impulsivo?
Agora tinha virado aquilo. Um homem. Um homem inteiro.
Crescido, forte, confiante. Que olhava pra ela como se soube