O barulho insistente da chuva contra a janela foi o que me arrancou do sono. Abri os olhos devagar, o corpo ainda pesado pela noite mal dormida. Me virei na cama e encarei o teto, tentando afastar da mente a lembrança do jantar com Daniel. A verdade é que, por mais que eu quisesse, aquele encontro não havia sido a fuga que imaginei.
Ele foi doce, carinhoso, compreensivo. Mas, enquanto me beijava com a calma que sempre fora sua marca, tudo o que eu consegui pensar foi em outro par de lábios, os de Demian.
Suspirei, frustrada, cobrindo o rosto com as mãos. Eu queria acreditar que podia seguir em frente, que podia simplesmente apagar aquele homem da minha vida. Mas ele estava em mim de um jeito que me assustava.
Levantei da cama e fui até a cozinha preparar café. O apartamento estava em silêncio, exceto pelo som da cafeteira. Era um silêncio reconfortante, mas também sufocante, porque me deixava sozinha demais com meus próprios pensamentos.
Peguei o celular, hesitante, e vi a tela ilumin