SALA DE ESPERA
O hospital cheirava a álcool, desinfetante e silêncio pesado.
José estava em pé, depois sentado, depois em pé de novo — repetindo o mesmo ciclo desde que chegara.
Não havia relógio que contasse aquele tempo.
Só o coração batendo errado.
A porta automática se abriu e uma residente — jaleco claro, crachá balançando — se aproximou, procurando alguém com o olhar.
— O senhor é o responsável pela paciente Márcia Mello? — ela perguntou.
José demorou um segundo para responder.
Um segundo onde tudo travou.
— S-sim… sim, sou. — Ele deu um passo à frente. — Onde ela está? Ela está bem? Eu posso ver ela?
A médica ergueu as mãos em um gesto calmo, treinado.
— Senhor, respira.
Ela está no centro cirúrgico neste momento.
José engoliu seco.
— Cirurgia?
A residente assentiu.
— A bala entrou pela região da clavícula, desceu e ficou alojada entre o tórax e a parte superior do pulmão. Ela perdeu bastante sangue e precisamos controlar a hemorragia antes de remover o projétil. A equipe está