Capítulo 23
Sábado.
O dia parecia não ter fim.
Eloise passou as horas como quem tenta escapar dos próprios pensamentos — mas sem sucesso.
Organizou a estante do quarto. Tentou ler um livro, mas leu três vezes a mesma página sem entender uma linha. Passou pano na casa, limpou até o que já estava limpo. Qualquer coisa para não pensar.
Mas pensar era inevitável.
“Será que ele foi embora porque se arrependeu? Porque não significou nada?”
À noite, o travesseiro parecia duro demais, o quarto escuro demais, o silêncio alto demais.
Cada vez que fechava os olhos, vinham os flashes.
Os olhos dele encarando os dela no ápice.
A forma como ele a segurava debaixo do chuveiro.
O calor, os toques, os sussurros.
E a dúvida:
“Foi só desejo... ou algo a mais?”
...
Domingo.
Mais lento ainda. Mais vazio.
Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Nenhuma explicação.
“Ele não vai falar nada? Vai fingir que não aconteceu? E eu... vou conseguir encarar ele de novo?”
E agora, uma segunda-feira se aproximava.
Com