Capítulo 22

Capítulo 22

Augusto acordou antes do sol nascer. Ficou um tempo em silêncio, deitado, observando o teto escuro, ouvindo a respiração tranquila de Eloise ao seu lado. Ainda sentia o cheiro do corpo dela misturado aos lençóis. Aquilo deveria ser só mais uma noite — mas não foi.

A pele ainda ardia da lembrança. O toque dela, os olhos dela, o jeito como ela se encaixou... tudo ficou gravado como uma tatuagem invisível.

Mas confiar de novo?

Seria burrice. Ele sabia disso. E, acima de tudo, Augusto Monteiro não era burro.

Levantou sem fazer barulho. Pegou as chaves, vestiu-se rapidamente e deixou um último olhar demorado sobre ela antes de sair. Aquela imagem — Eloise dormindo em sua cama, usando sua camisa — grudou como um espinho no peito.

Ele dirigiu por horas, sem rumo certo, até que os prédios desapareceram no retrovisor e deram lugar à estrada deserta — e, por fim, aos primeiros traços do litoral. Era para lá que sempre voltava quando precisava se esconder do mundo.

A antiga casa de
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