Verdades Guardadas
Algumas verdades não envelhecem.
Apenas esperam o momento certo para serem ditas.
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O quarto estava iluminado pela luz suave da tarde.
O bip regular dos aparelhos já soava mais como companhia do que incômodo.
Carlos lia um livro quando a porta se abriu devagar.
— Posso entrar? — a voz feminina ecoou suave.
Ele ergueu os olhos e sorriu de canto ao vê-la.
— Cláudia… não esperava sua visita.
Ela avançou, elegante como sempre, mas havia ternura nos gestos.
Pousou a bolsa na poltrona e ajeitou os óculos no rosto.
— O médico disse que sua recuperação está maravilhosa. — sorriu. — Não podia deixar de vir ver com meus próprios olhos.
Carlos fechou o livro, observando-a por alguns segundos, como quem media cada gesto.
— Você sempre aparece nos momentos certos, Cláudia.
Ela suspirou, sentando-se na poltrona ao lado da cama.
— Talvez porque… nós dois sempre tivemos assuntos inacabados.
Um silêncio denso pairou.
Carlos se ajeitou nos travesseiros, o olhar profundo.
— O passa