A Trégua
Carlos ficou em silêncio por alguns segundos, como se o chão tivesse sumido debaixo dos pés.
O olhar dele se encheu de fúria — não contra Cláudia, mas contra a lembrança da própria irmã.
— Eu pensei em você tantas vezes… — a voz saiu rouca, pesada de mágoa. — Me fiz inúmeras perguntas, Cláudia. Eu me culpei. Achei que você tinha percebido que era infeliz ao meu lado… que tinha se cansado de mim.
Ele apertou os lençóis com força, o maxilar travado.
— Mas foi a Carla. — cuspiu, os olhos faiscando. — Ela destruiu a minha vida com uma mentira. Roubou a chance que eu tinha de lutar por nós!
Cláudia o observava, os olhos marejados.
Carlos respirou fundo, tremendo de raiva e dor.
— E eu… eu acreditei. — completou, mais baixo, como quem confessa uma ferida antiga. — Nunca desconfiei dela. Nunca.
O quarto ficou em silêncio, pesado como chumbo.
Cláudia estendeu a mão, tocando o braço dele com ternura.
— Carlos… não foi só você que perdeu. Eu também. — disse, a voz embargada. — E agora