O sol nasceu tímido naquela manhã, filtrando-se pelas cortinas brancas do meu quarto como se soubesse que nada no mundo poderia ser leve depois da noite anterior. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar, mas não havia mais lágrimas — apenas um vazio que doía em cada respiração.
Demir estava na varanda. O vento fazia sua camisa branca ondular, e ele parecia parte do cenário, imóvel, profundo, pensativo. Quando me levantei, ele se virou lentamente. Seus olhos pousaram nos meus como quem teme a rejeição, mas espera o impossível.
— Dormiu alguma coisa? — ele perguntou, a voz rouca.
— Um pouco. Sonhei com minha mãe. E com seu pai.
Ele suspirou.
— Eu também. Toda noite desde que descobri… eu vejo o rosto dele. E o seu. E odeio como essas imagens se misturam.
Fui até ele, sentindo o chão frio sob os pés. Quando me aproximei, ele não recuou. Apenas me olhou, como se todo o seu mundo dependesse da resposta que eu daria com meus olhos.
— Quero saber tudo, Demir. Sem rodeios. Quero que você