Ana
Eu passei a manhã inteira com a cabeça girando. Era tanta ideia ruim passando por mim que até parecia que eu estava estudando pra prova. Eu sabia que precisava da chave. E também sabia que não podia simplesmente enfiar a mão na bolsa da Cida e sair correndo. Primeiro porque eu não era ladra. Segundo porque a Cida tinha olhos de águia. Terceiro porque ela tinha força de quem levanta sofá sozinha. Zero chances.
Então eu decidi que tinha que ser esperta. Que tinha que agir com calma, sem levantar suspeita, bem sonsa mesmo. Do jeitinho que ela nunca ia imaginar que eu tava tramando alguma coisa.
Fiquei pensando no roteiro na minha cabeça uns bons minutos: eu chegava tranquila, puxava papo, fazia charme, perguntava casualmente, fingia que não queria nada. Tipo pescaria. Jogar a isca e esperar. Torcer pro peixe morder. Torcer também pra eu não entrar em pânico no meio da conversa e estragar tudo.
Quando tomei coragem, saí do quarto devagar, como se fosse só mais uma manhã comum. Mas o me