Ana
Eu entrei na empresa naquela manhã achando que ia ser só mais um dia normal. Café morno, chefe estressado, computador travando… o combo de sempre. Mas, claro, a vida nunca me deixava respirar.
Nem duas horas depois de eu sentar na minha mesa, a coordenadora da editora veio andando na minha direção com aquele sorriso estranho de quem ia mudar minha vida ou arruiná-la. Às vezes as duas coisas ao mesmo tempo.
— Ana, tem um minutinho? — ela perguntou, com aquela voz doce que sempre me assustava.
“Minutinho” é código para “segura porque lá vem bomba”.
Eu segui ela até uma das salas de reunião. Era pequena, toda branca, luz forte, aquele cheiro de café velho… clima perfeito pra jogar uma notícia que deixa a gente sem ar. Eu sentei, ela também, e antes mesmo de respirar direito ela soltou:
— Recebemos um convite direto da sede francesa. Eles querem você lá pelos próximos seis meses.
Minha primeira reação? Eu ri.
Aqueles risos nervosos de quem achou que era brincadeira.
— Eu? França? — pe