Lex
Bati o relatório no computador e fechei a tampa do notebook.
A chuva ainda não tinha dado trégua — parecia o fim do mundo lá fora.
O barulho dos trovões fazia as janelas tremerem, e o som da água escorrendo pelas calhas virava uma espécie de trilha sonora apocalíptica.
Olhei pro relógio. Quase uma da manhã.
Eu devia dormir, mas o corpo ainda tava tenso.
Talvez fosse o cansaço. Talvez fosse… ela.
Respirei fundo e levantei, indo até a janela.
O clarão de um raio iluminou o jardim e logo em seguida veio o estrondo.
Por um segundo, juro que pensei que a casa ia tremer.
E foi aí que eu ouvi:
Toc-toc.
Bati o olho na porta.
Outro toque.
Mais alto.
E uma voz baixinha, quase engolida pelo som da chuva:
— Lex?
Abri a porta e dei de cara com Ana , com o cabelo meio bagunçado, os olhos enormes e a expressão de quem tinha visto o próprio apocalipse.
Ela estava segurando um travesseiro contra o peito como se fosse um escudo.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, tentando conter o riso.
— Não.