O silêncio da manhã ainda dominava a mansão Marchand quando Lídia chegou à cozinha, antes mesmo das sete. O céu lá fora mal havia clareado, e o ar gelado fazia as janelas embaçarem por dentro. Ela colocava a chaleira no fogão quando ouviu um baque surdo vindo da sala de estar. Um arrepio percorreu sua espinha.
— Claire? — chamou, temendo que alguém tivesse derrubado algo.
Não houve resposta. Deixando a água no fogo, Lídia caminhou até a sala, os passos lentos, cautelosos, os olhos varrendo o ambiente… até que os viu.
Primeiro, os pés descalços.
Depois, as pernas.
E então o corpo de Isabelle, estendido no chão, pálido, o rosto virado para o lado, a boca entreaberta, uma caixa de medicamentos caída ao lado, com vários comprimidos espalhados ao redor.
— Oh, meu Deus! — Lídia gritou, ajoelhando-se imediatamente. — Senhora Isabelle!
Ela sacudiu os ombros delicadamente, mas não obteve resposta. O desespero invadiu o peito da empregada como uma onda feroz.
— CLAIRE! AMELIE! VENHAM RÁPIDO!
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