Matteo Eisenberg mantinha os braços cruzados, encostado à mesa de reuniões de sua própria empresa, com os olhos fixos no homem sentado à sua frente. O ambiente estava silencioso, mas carregado de uma tensão densa, quase palpável. Enrico, um italiano de aproximadamente sessenta e cinco anos, vestia um terno escuro impecável, os cabelos bem penteados para trás e um olhar tão frio quanto cortante. Ele se portava como um verdadeiro regente, alguém acostumado a ser temido — e ouvido.
Agora ali, frente a frente, o visitante o observava com uma tranquilidade provocadora.
— Espero que compreenda minha presença aqui como um gesto de boa vontade — disse Enrico, com o sotaque italiano marcado, arrastando as palavras como se degustasse cada uma. — Eu sou Enrico Mancini, parente próximo de El príncipe, que é o atual herdeiro de todos os negócios da Sicília. E o que eu tenho a lhe dizer, senhor Eisenberg, não é um pedido. É um alerta.
Matteo permaneceu imóvel, olhos estreitados, mandíbula tensa.
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