Havia se passado quinze dias desde que Isabelle chegara à Sicília. As noites na villa Farella seguiam um ritual quase imutável: o jantar em família, as conversas prolongadas e, ao final, o pedido inevitável do patriarca para que ela tocasse o piano. Tornara-se um hábito que encantava a todos — ou quase todos.
Isabelle sentava-se diante do instrumento com naturalidade, deixando que os dedos corressem sobre as teclas em melodias suaves, algumas alegres, outras melancólicas, como se colocasse em notas aquilo que guardava no peito. O som se espalhava pela sala ampla, ecoando nas paredes de pedra antiga, e, por alguns minutos, tudo parecia em perfeita harmonia.
Tudo, exceto os olhares de Lizandra.
A cunhada de Dominico, sempre com um sorriso calculado e um ar de superioridade, não fazia esforço para esconder a antipatia. Seus comentários eram quase sempre indiretos, venenosos o suficiente para ferir, mas sutis o bastante para não provocar alarde na frente de todos. Isabelle, até então, opt